É uma pergunta para a qual não há resposta.
O Banco de Portugal alertou, recentemente, para o risco de redução dos preços no mercado imobiliário residencial, decorrente das alterações verificadas nas condições de financiamento.
O sector imobiliário garante que, enquanto houver pressão da procura sobre a oferta de habitação, os preços das casas não irão baixar.
Vejamos o que se tem passado, nos últimos anos, no mercado imobiliário.
Em 2014, teve início, em Portugal, a recuperação dos preços da habitação. Uma retoma que foi impulsionada por vários fatores: recuperação económica; baixas taxas de juro; aumento da procura de habitação por não residentes; reforço das atividades turísticas; rigidez da oferta de habitação.
Mas, foi em 2018, que o preço das casas em Portugal começou a sobrevalorizar.
E, com o passar dos anos, essa tendência agravou-se.
A persistência do aumento dos preços das casas, manteve-se mesmo durante a crise da pandemia de Covid-19.
Os preços das casas aumentaram cerca de 11,5% no 2º semestre de 2021, face ao mesmo período do ano anterior, mantendo-se a procura de habitação por não residentes bem como a escassez de oferta.
E, no primeiro trimestre de 2022, o índice de preços da habitação cresceu 12,9%, face ao mesmo período de 2021, sendo este o maior aumento desde 2010, ano a partir do qual existem registos do INE.
Mas, esta subida é para se manter nos próximos tempos, ou os preços das casas vão baixar?
O Banco de Portugal refere que, num contexto de normalização da política monetária para fazer face às recentes pressões inflacionistas, é necessário continuar a monitorizar os riscos no sector imobiliário residencial, que possam conduzir a uma redução dos preços da habitação.
Na realidade, com inflação elevada (redução do rendimento real), e o aumento dos custos de financiamento do crédito habitação (subida de juros), diminui a capacidade de endividamento, o que torna cada vez mais difícil para as famílias portuguesas o acesso à habitação, e pode levar a reduzir a procura e, consequentemente, baixar os preços das casas.
No entanto, não se prevê uma desaceleração do mercado, nos próximos tempos, que deverá permanecer atrativo, continuando a existir sinais de sobrevalorização do preço das casas, até porque as vulnerabilidades neste mercado tendem a estar associadas a fatores de médio prazo, podendo demorar algum tempo a traduzir-se em correção de preços.
Aliás, apesar dos novos limites à idade para obtenção de financiamento bancário, tem-se registado um maior crescimento no crédito habitação, ou seja, mais casas vendidas.
Por isso, se não houver estagnação económica, é expectável que persista a dinâmica de crescimento dos preços da habitação, e pouco ou nada irá mudar.
E, como está a ser avaliada esta situação pelos organismos europeus?
De referir que, numa avaliação aos riscos e vulnerabilidades associados ao mercado imobiliário residencial, o Comité Europeu de Risco Sistémico (CERS), concluiu, em Fevereiro de 2022, que Portugal enfrenta um risco médio, e a política macro prudencial implementada pelo Banco de Portugal continuou a ser “adequada e suficiente” para mitigar os riscos identificados, não tendo sido emitido nenhum alerta ou recomendação.
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