O mercado imobiliário enfrentou e enfrenta vários desafios, mas a venda de casas continua a fazer-se a bom ritmo e as perspetivas futuras são animadoras para o setor.
O mercado imobiliário resistiu bem a um grande desafio, a crise gerada pela pandemia de Covid-19, nos anos 2020 e 2021, cujos confinamentos influenciaram os comportamentos das pessoas e famílias. Mas, apesar disso, o sector imobiliário registou um aumento de transações em 2021.
Ainda este desafio não tinha acabado, e outro surgiu, em Fevereiro 2022, com a guerra na Ucrânia, que afetou a atividade económica na Europa, a que Portugal também não escapou, porque vivemos num mundo cada vez mais globalizado.
Mas, mais uma vez, o mercado imobiliário mostrou a sua resiliência, e este ano continua em alta. De facto, os preços de venda das casas em Portugal cresceram 10,9% no 1º semestre deste ano face ao semestre anterior, e, em termos homólogos, o crescimento foi de 17,6%.
No entanto, verifica-se um aumento significativo do custo de vida provocado pela forte subida dos preços de bens e serviços, com a inflação a chegar aos 9%.
E, se as famílias precisarem de recorrer ao crédito habitação para comprar casa são também confrontadas com a subida da taxa de juro (Euribor), que faz aumentar as prestações mensais.
Dois factos que, conjugados, geram perda de poder de compra, com grande impacto nos orçamentos das famílias, o que começa a causar preocupação, e leva a alguma cautela na hora de decidir a compra da casa.
Por isso, atualmente, uma família que pretende compra casa, contacta as entidades bancárias, a fim de simular as prestações mensais e define um preço máximo de aquisição com base na sua situação financeira. Ou seja, há uma ponderação maior relativamente às condições de financiamento.
Anteriormente, escolhia-se a casa, iniciava-se o processo do crédito habitação, e só numa fase posterior do processo havia a preocupação com os encargos decorrentes do financiamento.
Contudo, continuam a concretizar-se muitos negócios e o aumento do preço das casas mantém-se.
Por um lado, devido ao investimento estrangeiro, havendo até novos focos de procura centrados em tipologias mais reduzidas.
Mas, também pelas famílias portuguesas que, apesar de mais cautelosas nas suas decisões, quando têm intenção de comprar casa, não vão deixar de o fazer, porque não se prevê uma descida dos preços, e comprar uma casa continua a ser um dos investimentos mais estáveis e seguros que se podem concretizar.
Para já, a inflação e a subida dos juros não travaram o aumento do crédito habitação. O montante total de empréstimos em Julho último cresceu 4,8% em relação ao mesmo mês de 2021.
E, apesar do cenário se estar a alterar, porque vivemos um contexto económico de incerteza, e poder ocorrer um abrandamento na dinâmica do mercado imobiliário, não é expetável que o preço das casas venha a diminuir nos próximos tempos e, por isso, adiar a compra à espera que os preços baixem, parece uma opção pouco viável.
Por um lado, pelos constrangimentos no acesso aos materiais de construção, com consequente aumento drástico no preço, bem como a dificuldade em conseguir mão de obra, que estão a ter um grande impacto nas novas construções e nas reabilitações, quer pela incerteza do prazo de conclusão da obra, quer pelo custo final do imóvel.
Por outro, a demora nos prazos de licenciamento e a elevada carga fiscal.
Factos que levarão a que continue a haver escassez de casas disponíveis, acentuando o desequilíbrio entre a procura e a oferta, e o preço das casas continua a aumentar.